segunda-feira, 28 de maio de 2012

Bolsa de mulher.


O que cabe na bolsa de uma mulher?

Encontros e desencontros, trilhas, trilhos, sorrisos, amigos.

Também cabe batom, espelho, lixa de unha, apegos, desapegos e falta de sossego.

Posso dar um jeito e ainda fazer caber momentos inesquecíveis, frases marcantes, olhos brilhantes, apelidos, saudades do que já foi e do que não será.

Às vezes pode ser também que caibam muitos amores, sejam eles amados todos de formas diferentes ou até mesmo de intensidade semelhante.

Em algumas bolsas tem espaço para cabeludos do tipo desleixados com barba, já em outras só cabem engravatados que falam sem usar gírias.

Não se pode esquecer que sempre cabem muitas lágrimas, sejam elas de crocodilo ou daquele tipo de dor no coração que ninguém mais sente, que sufoca e nos faz passar mal, que só uma taça de vinho e mil lembranças rasgadas no chão da sala nos faz dormir.

Numa bela bolsa de mulher não pode faltar também preocupações, responsabilidades e dietas da moda guardadas ao lado de muitos chocolates, misturadas a imensa vontade de não ter celulites e ao mesmo tempo ter que ficar até às 22 horas na mesma posição na mesa do escritório, sem tempo pra ser mais nada, porque ser nós mesmas já dá um “trabalhão”.

Afinal, tem que caber dinheiro, pois sem ele não existem planos, viagens, realizações, e claro, compras!

Levamos histórias, segredos e anseios.
Passado, presente e futuro.

Medos e insônias, mas também muito prazer em viver, gargalhadas intermináveis, amizades duradouras, amores perfeitos, imperfeitos e quem sabe o sapato que estamos “paquerando” há tempos na vitrine.

Neste acessório misterioso seja ele o tamanho que for, nunca nos esquecemos de carregar experiências de menina no corpo de mulher, que vira e mexe está atrasada, esquece a bolsa em casa e se perde como uma criança.

domingo, 27 de maio de 2012

Enquanto você não chega.


Com suas brincadeiras de moleque, você me deixou uma marquinha embaixo do olho como um “vazinho” que estourou. Deve ter sido me beliscando ou lambendo a minha cara para tirar meu blush, com todo aquele “jeito” que você não tem, esquecendo-se da força que de fato você não imagina que possui, ainda mais sobre mim.

Sua metade tem inteira importância. Mas hoje passo corretivo e finjo que ela não existe.

A marquinha e você.

Você que me obrigou a ser inteira e eu querendo ser só metade. Metade de você. Inteira por você, por mim, por nós.

Para com essa bobeira de fingir que não enxerga que eu cai naquelas pedras pequenas da pista de “cooper” do clube e estou com meu joelho todo ralado, vem assoprar e me levar no colo até aquele banquinho de madeira.

Vem, me dá a mão. O caminho é longo e a estrada é cheia de curvas, eu não quero me perder, não aqui, não agora. Fica pra sempre, como você me prometeu.
Sem você o mar está sempre gelado, o caminho da praia é triste e mesmo que esteja sol, sempre está frio.

A gente segue existindo e todo mundo já percebeu, inclusive você, assim como eu.

Cansei de brincar de esconde – esconde, brinca um pouquinho de pega – pega porque eu sei que você gosta, e só eu sei. Passa a mão na minha cintura e diz que eu estou gordinha, só pra eu te olhar fazendo bico e você dizer: “ah bebê, você fica tão bonitinha brava”.

E depois, como sempre, fazer todas as minhas vontades. Mesmo que sem comer meus doces feitos com tanto carinho, por causa das suas dietas malucas.

Prometo ver você jogar videogame e tomar seus “shakes” que você diz não fazer mal e ter proteína sem reclamar. Porque assim eu vou poder gritar pro mundo inteiro, que com todos os pesares e apesares eu prefiro mil marquinhas no meu rosto desde que você tire esse arranhão do meu coração.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Quando entrar feche a porta.


Seu amor bateu a porta da rua, foi para não voltar, mas bem estava ali, sempre lá.

Os olhos se fecharam para que um choro incontido manifestasse toda a dor daquele momento, para sempre. Era preciso expurgar pelos olhos e cada poro a saudade do que não viria e a tristeza do não restou, aquele sorriso que não seria mais visto pelos que apenas tinham capacidade de olhar, mas se quer viam.

Qualquer descontração em uma noite de verão camuflava os gritos dos que não enxergavam o coração partido, que então passou a te buscar.

Acredite no que digo, te encontro todas as manhãs, tardes e noites. Talvez seja o vício no seu perfume favorito ou a necessidade das suas mãos tão macias sob as minhas costas, ou apenas segurando as minhas mãos para que eu não caia diante dos meus tropeços - inclusive, só você sabe o quanto é difícil para que eu caminhe sozinha.

O jeito de ser de tão ausente está presente.
Sempre por perto no movimento dos carros, nas pessoas que cruzam a avenida indo para seus trabalhos, nos atletas matinais que buscam equilíbrio, nos almoços em família, no cinema com os amigos, na nossa música favorita, mas nunca ao meu lado.

A menina que sempre caminhou no escuro confortável da sua sombra foi exposta ao sol do meio dia e a claridade é tanta que não consegue enxergar além do que vê.

Agora os olhos marejados não acompanham o movimento intenso da vida além desta porta, eles apenas continuam te acompanhando, por onde você não anda, onde você já não está.

Disse adeus e fechou a porta, mas amanhã quando for hora de acordar para existir por mais um dia, sei que vai estar aqui no mesmo lugar de onde nunca partiu.

domingo, 13 de maio de 2012

vazio do que? cheio porque?

Hoje acordei e foi diferente. Após noites e noites rodeada de luzes coloridas, gente bonita e vazio.
Vazio nos lugares mais cheios de São Paulo.

Bateu vontade de ser cheia. Mas cheia de que mesmo?
Não lembro.

As luzes eram realmente lindas, infinitamente coloridas, e eu que só queria alguém para me colorir.
Sair do preto e branco comendo a pizza mais gostosa do mundo no sofá e rindo da vida, rindo que o mundo lá fora jamais saberia o que passa aqui dentro, rindo porque tudo ficaria mais lindo porque você está.

Talvez eu só queira tomar um chocolate quente, passear no parque e andar de bicicleta.
Ou só precise de um porre.

Eu acenei e te dei oi.
Só um minuto por favor, quem é você?

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Pouco "inox", por favor!


Tem sempre aquele tipo de pessoa que vive na panelinha de arroz, remexendo, requentando, recalcando.

O sonho da minha mãe era aquela bendita panela de cozinhar arroz que você liga na tomada e ela faz o resto, cozinha e não deixa queimar, tudo para ninguém ficar cutucando o fundo da Tramontina dela de alumínio e tirar o “inox”.

Contudo, conheço várias pessoas que não só raspam o “inox” como comem e dizem que gostam.
Arroz com “inox”? EU QUE NÃO!
Se o arroz acabou, não adianta cutucar, tem que fazer mais.

E o amor?
Se o amor acabou...  Acabou!

Digo por mim e por você, quem quer cutucar sempre vai ferir apenas o fundo do próprio coração, que nem “inox” tem para protegê-lo.

Enquanto isso, o outro (que não está “nem ai” para a sua panela e muito menos para o seu chororô) está ouvindo seus próprios desejos e viajando para a praia com a mesma trilha sonora que curtia com você quando o feriado chegava, e eu aposto que àquela a quem você chama de “vagabunda” nem cozinhar sabe – mas para esse detalhe, só você dá atenção!

Esse amor “errado” (digo errado porque não é recíproco e amar sozinho é ruim demais), logo vai embora, acredite, é só deixar passar, deixar fluir, deixar rolar.
Isolar suas lembranças, camuflar na maior “cara de pau”, que o maldito some! Porque quem não guarda em uma caixinha não sorri, e quem não sorri não atrai o novo, o belo, o feio e muito menos o moreno com sorriso de cafajeste.

Se você acredita que ainda pode viver de misérias, continue com seu arroz tradicional, digo mais, prefira o “integral” com aquele maravilhoso gosto de alpiste, mas sempre “bem feitinho”, com tempero de “inox” e o que mais vier na sua colherada.

Porque seja no resto de amor ou no resto de arroz, lá no fundo, o que sobra sempre está queimado.